sexta-feira, 12 de julho de 2013

FACHADA

Camarada Van Zeller, imagine um furacão a passar por um parque de campismo e a pedir às tendas, presas por espias, que se mantenham sólidas e estáveis. Aí tem o XIX Governo Constitucional de Portugal (designação ela própria inadequada, tal é o desrespeito pela Constituição da República que este Governo tem revelado). No debate da nação, encerrado por um ministro demissionário que há dias dizia ser irrevogável a sua demissão, para, passadas umas horas, andar a correr Lisboa em busca de edifício para se instalar num novo Ministério, ficou claro como água do Luso estarmos perante uma fachada de Governo - fachada de um edifício emparedado. Depois da carta de demissão de Vítor Gaspar, que à semelhança dos suicidas fez questão de explicar aos que ficam porque se foi, o Governo de Passos Coelho ficou sem a réstia de credibilidade que ainda poderia ter junto dos seus mais acérrimos defensores. Essa credibilidade foi-se, por mais que o Coelho a proclame. Foi-se a credibilidade e foi-se a dignidade, não sobra nada. Talvez apenas o pêlo largado pelo Coelho junto ao rio onde o palhaço se encontra a cagar para os portugueses:
 
Certo dia o leão reuniu todos os animais da selva e disse-lhes:
- Esta selva está uma pouca vergonha! A partir de agora, tudo quanto é lixo tem que ser largado à beira do rio! Estão a mudar de pele? Rio! Estão a largar pêlo? Rio! Querem cagar? Rio! Percebido?
Todos os animais disseram que sim.
Passados uns dias, o leão encontra o coelhinho a cagar no meio da selva.
Diz o leão:
- Coelho!
- Ai...
- Que é isto? Eu não disse que cagar era junto ao rio?
- Mas, leão... Eu até comecei a cagar junto ao rio, mas aqui há dias apareceu lá o urso...
- E depois?
- E depois ele perguntou-me se eu largava pêlo...
- E tu largas?
- Não... E disse-lhe que não largava...
- E depois?
- E depois ele pegou em mim e usou-me para limpar o cu!
 

Deixo-lhe, camarada, o desafio de transformar a fábula na história recente deste país (não vale pedir ajuda à presidenta da AR, tão fraca que é no domínio da hermenêutica). Basta dar nome aos personagens.

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