quarta-feira, 10 de setembro de 2014

PARTIDO SOCIALISTA



O Partido Socialista nunca esteve tão partido. Com um líder sem capacidades de liderança e um candidato a líder impelido por forças invisíveis a agir conforme a consciência, transformou-se numa querela entre totós que teve ontem o seu momento televisivo mais esclarecedor. Agastados com polémicas internas que arrastam o partido pelo lamaçal do descrédito, os dois antónios são a dupla face daquilo a que normalmente se chama debate democrático interno para encobrir o que existe nesse putativo debate de oportunismo e deslealdade. O que podia ter alguma piada não tem piada nenhuma, pois enquanto estes dois e suas respectivas comitivas de tachistas salivantes pelejam por lugares de poder a oposição ao governo esmorece e os problemas do país agravam-se. Noutros tempos, tudo podia ser feito de outra forma. Agora é impossível, tal a mesquinhice e mediocridade estratégica que tomou conta da acção (luta?) partidária. Não é de admirar certa descrença nos partidos e nos políticos, assim como na actividade política tradicionalmente democrática que dá força e elege demagogos profissionais. Já não bastava o nepotismo nesta sociedade oligárquica e corrupta em que vivemos, temos que aturar agora, ainda por cima em directo e com direito a diferidos sucessivos, o triste espectáculo da mediocridade. Nada há de substancial nesta guerra, a não ser a pobreza infinita dos intervenientes, totalmente incapazes de convencer quem quer que seja das suas reais preocupações para com o povo que poderia elegê-los não fosse preferir ficar em casa, abster-se, desligar.

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