O Partido Socialista nunca esteve tão partido. Com um líder sem
capacidades de liderança e um candidato a líder impelido por forças invisíveis
a agir conforme a consciência, transformou-se numa querela entre totós que teve
ontem o seu momento televisivo mais esclarecedor. Agastados com polémicas
internas que arrastam o partido pelo lamaçal do descrédito, os dois antónios são
a dupla face daquilo a que normalmente se chama debate democrático interno para
encobrir o que existe nesse putativo debate de oportunismo e deslealdade. O que
podia ter alguma piada não tem piada nenhuma, pois enquanto estes dois e suas
respectivas comitivas de tachistas salivantes pelejam por lugares de poder a
oposição ao governo esmorece e os problemas do país agravam-se. Noutros tempos,
tudo podia ser feito de outra forma. Agora é impossível, tal a mesquinhice e
mediocridade estratégica que tomou conta da acção (luta?) partidária. Não é de
admirar certa descrença nos partidos e nos políticos, assim como na actividade
política tradicionalmente democrática que dá força e elege demagogos
profissionais. Já não bastava o nepotismo nesta sociedade oligárquica e corrupta
em que vivemos, temos que aturar agora, ainda por cima em directo e com direito
a diferidos sucessivos, o triste espectáculo da mediocridade. Nada há
de substancial nesta guerra, a não ser a pobreza infinita dos intervenientes,
totalmente incapazes de convencer quem quer que seja das suas reais
preocupações para com o povo que poderia elegê-los não fosse preferir ficar em
casa, abster-se, desligar.
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