Pombos Lerdos
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Medula, Abril de 2018
(para encomendas ver: aqui)
[O meu talento é bater palmas], pp. 9-10.
A esta publicação dedicou Diogo Vaz Pinto duas páginas no jornal I, contribuindo para o diagnóstico certeiro recentemente levado a cabo
por João Pedro George: «o cadáver que é preciso enterrar, hoje, é a crítica jornalística». Numa das duas páginas, misturam-se «lenda rural» e Machado de Assis.
Seriam indispensáveis para a compreensão do objecto em análise, pretendesse o
Bicho analisar alguma coisa. Não quer. Analisar não é para quem quer, é para
quem pode. E DVP não quer nem pode, o que não tem mal. Confunde tudo como
normalmente faz, dizendo que os outros é que estão confundidos. E da
confusão resulta que folhetins e folhetos passam a cumprir o mesmo papel na
História da Literatura, como se fossem uma e a mesma coisa. Mete-se a plaquete (meio)
e o folhetim (género) no mesmo saco e sai: folheto. Estamos falados. A este,
chamou-lhe «pífio manifesto», o que nos parece um manifesto exagero, não pelo
que possa ter de pífio, mas pelo que claramente não tem de manifesto. Tem
desculpa o Bicho, diz que se deitou de costas a tirar macacos e a olhar para as
estrelas. É provável que com a distracção os macacos tenham ido parar-lhe à
boca, depois mascou-os e cuspiu-os para a folheca do jornal. Saiu a macacada do
costume.
Chama atenção sobre si mesmo, como sempre faz, e diz que lhe deram
uma alegria. A ele. Ao crítico. Até pensámos que estava a falar de outrem, já que
de crítico do que quer que seja este tem tanto como eu tenho de engenheiro
aeronáutico. A primeira página foi para os pardais, isto é, para os pombos. A
segunda não merece melhor destino. Novamente a chamar atenção sobre si, dizendo
que a edição de Pombos Lerdos quis visá-lo, o Bicho não percebe, nunca
perceberá, a distância que vai entre o que ele é e o que ele afirma. Pombos Lerdos
teve um motivo, a preocupação inusitada de Vaz Pinto com a proliferação de
plaquetes de poesia publicadas por pequenas editoras. A este propósito,
questionámos o "visado" sobre a origem da preocupação. Lembrámo-lo de que ele
próprio tinha publicado várias dessas plaquetes. Mas ele nada disse, fechou-se
em copas como se nada fosse com ele. Não gosta dos tijolos publicados pela
Assírio à laia de obras completas, acha que a Praça vem sendo conspurcada pela
disseminação de pequenas editoras, vive incomodado com o dinheiro que as pessoas gastam
nestas coisas. Não podemos levar-lhe a mal, é um teólogo da justa medida. Logo
ele, todo desmesurado na prosa, surge-nos completamente comedido na moral. Quer
dar ares de Pacheco, mas parece-se com José-Augusto França.
E
assim temos que, das duas páginas, sobram três parágrafos e uma citação de
Joaquim Manuel Magalhães. Quem mais?! Como um dos parágrafos me é inteiramente
dedicado, dispenso-me dos restantes (onde encontramos mais uma referência,
desta feita a G. K. Chesterton, sem a qual o poema de João Alexandre Lopes
também não seria inteligível). Pela parte que me toca, só tenho a dizer bem do
Bicho. A minha história com ele vai longa de mais para que me alongue. Tem-me
dedicado uma atenção que não mereço, desproporcional à atenção que não lhe
presto e ele por certo mereceria. Sou a «besta de estimação» do Bicho, e até já tive direito a poema, apesar de ser «água-choca» e
«brutinho» (esta mania de projectar-se nos outros deve ter uma qualquer
designação psiquiátrica que desconheço). É só seguir os links para se ficar com uma percepção do amor que me tem, a despeito da consideração que não lhe mereço ainda que aqui venha debicar amiudamente. Levou o Nicanor Parra, o Patrick Kavanagh, o Olav H. Hauge, e queira Deus saber que mais... eu dispenso.
Também me chegam ecos de que lá no
Facebook, onde o Bicho passa a vida a agitar águas, sou visado com espantosa frequência (já que sem direito a resposta por não frequentar esse pardieiro onde intelectuais da melhor safra se sentem como peixe na água).
Há tempos, fizeram-me chegar uma a que achei piada: «Professor Doutor
Ressabiadíssimo». Enfim, eu sou estas coisas todas ignorando o Bicho. Ele é
nada disto, atirando-se-me ao nome, depois de ter ameaçado atirar-se-me à
pessoa, con-ti-nua-da-men-te. Digamos que cada qual sabe como ocupa o tempo da vida
que tem, assim como cada qual sabe onde aplica os seus investimentos. Tomaria eu que o Bicho me desse de uma vez por todas por morto, morto
dessa morte a que alude no tal parágrafo que me foi dedicado. Morto para
o Bicho seria sinal de boa morte. Dêmos-lhe o mérito de não fingir que não vê,
o único que tem. Pois quando começa a dizer o que viu, a gente apercebe-se de que viu tudo ao contrário e é uma chatice, um tédio, uma modorra, um
aborrecimento, uma maçada, uma estopada, um enfado, um fastio e demais
sinónimos que o word desenrasque para aquilo que o Pinto é. Podia ser bom rapaz, soubesse dar às leituras o tempo que não dá ao pensamento. Todo ele é agitação. A pressa leva-lhe o gás.
P.S.1.: E agora sou «cadáver», mais uma vez sem que nada de essencial tenha sido respondido. Eu perguntei claro, o Bicho (sic) responde no velho estilo rococó que lhe conhecemos para não responder a nada.
P.S.2.: Desfazendo eventuais equívocos, sugeridos pela seguinte passagem:
Com o pormenor delicioso, entre outros, de ter Fernando Pinto do Amaral sido convidado a apresentar o n.º 2 da revista Criatura, como aqui ficou registado.
P.S.1.: E agora sou «cadáver», mais uma vez sem que nada de essencial tenha sido respondido. Eu perguntei claro, o Bicho (sic) responde no velho estilo rococó que lhe conhecemos para não responder a nada.
P.S.2.: Desfazendo eventuais equívocos, sugeridos pela seguinte passagem:
Resta que, ou ignoram muito vermelhuscos, ou a ideia é
revogar-me a carta, licença, prostrar-me na indigência de eu ser uma qualquer
abominação, “Bicho”, monstro que ligam com tudo o que é baixo, e mesmo assim
paira sobre eles sem explicação. Um chernobyl encarnado.
... aqui se
reproduz o talão de uma transferência efectuada para o Bicho em Janeiro do ano
passado. Supomos que não tenha mudado de nome:
P.S.3.:
O importante é, tanto quanto possível, partilhar um
agrado pelas pessoas e coisas que o merecem. Não acrescentamos nada à merda
atirando mais merda para essa “mirífica montanha”. A merda despreza-se.
Diogo Bicho Duarte Vaz Pinto, aqui, a 10 de Março de 2009, muito antes do Facebook:
Levanta o braço a oeste, baixa-o a este (aqui). E quando lhe convém pousa para a fotografia em threesome.
Com o pormenor delicioso, entre outros, de ter Fernando Pinto do Amaral sido convidado a apresentar o n.º 2 da revista Criatura, como aqui ficou registado.
Não fizeram nada. Mal ou bem, só divulgaram para cima de 80 poemas de Parra sem cobrarem nada por isso: aqui. E o Bicho, dando por isso, levou lá para a terra dele: aqui.
Palavras para quê? É um artista português.
14 comentários:
Maravilha! saúde
Saúde,
Muito bem visto.
Tanto fel... E para quê? Porque uns são vermelhos e outrso amarelos? Ainda se assim fosse... O DVP tem complexos por escrevr no i/Sol? Não vale a pena...
acho que era escusado verem-se nibs e nºs de conta de outros. a ideia era só ver o nome, certo?
Vou riscar o NIB, apesar de não encontrar problema.
Tu não acabes a escrever no Hoje Macau, não faças isso à tua vida. A menos que te paguem, claro...
Fica descansado, Anónimo. Nem no Hoje Macau nem no Ontem Maconha. Chega-me a croniqueta na Gazeta. Saúde,
E fazes bem em não te meteres no Facebook... Estava agora a ler o despique entre o Língua Morta e o Valério Romão, mete porrada nas traseiras do pavilhão politécnico e tudo. Até a Yvette Centeno já tem Face, pasme-se! Como vai o mundo...
Espero que nunca apreçam nus, seriam logo bloqueados.
Tudo isto é triste mas não, não é fado, o fado é algo muito distinto. Na verdade, no “meio” literário (aquele que agora está em questão), todos se odeiam e, enquanto se odeiam, os medíocres e os vulgares alçam-se e são alçados por distintos «olhos de editores» que a ver pelos resultados devem antes ser “olhos do cu”. Este geral ódio vigente, mais ou menos disfarçado, mais ou menos congregado nos amigos que editam os amigos e os amigos dos amigos, é a imagem putrefacta de um cochicho que ao espelho se vê distorcido e na imagem encontra galões de Oxford, de Cambridge ou da Sorbonne. A tristeza não é má, mas quando é pequenina é insuportável pois se acha recheada de despeito e de inveja. Não se trata deste caso em particular, trata-se da ambiência geral. (Também é deveras sintomático que ninguém esteja no Facebook mas todos saibam o que se lá publica.)
Obrigado pelo comentário, Jorge. Quanto ao parêntesis final: não é o que se publica no Facebook, é o que "determinada" pessoa, sob a designação de uma editora com perfil aberto, publica. De resto, se há muito "fechei" o meu perfil no Facebook foi precisamente para não saber o que lá se publica. Porque não me interessa de todo. Como sabes, tenho mais que fazer no meu dia a dia. Agora que amiúde me cheguem ecos de querelas, bocas, fragmentos dessa tal sordidez a que te referes, não posso impedi-lo. E espero que não me estejas a incluir nesse tal "meio", onde de todo não me faço incluir, talvez por não odiar ninguém, nem à distância, talvez por me ser indiferente que se/me odeiem. Saúde,
Henrique, referi a «ambiência geral», sei que não és dado a ódios, justiça seja feita. Ser dado a ódios é coisa cansativa e infrutífera. Tive receio dessa interpretação e por isso escrevi «não se trata deste caso em particular, trata-se da ambiência geral». Mas existe um "meio" literário neste cochicho? É mais provável que exista um meio psiquiátrico dentro do qual se escreve. Enfim. Um abraço, saúde!
«Mas existe um "meio" literário neste cochicho?»
É uma boa questão.
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