terça-feira, 22 de janeiro de 2019

ESCÂNDALO NACIONAL


   Não sei se a vossa memória chega a tanto, mas há umas décadas isto não era assim. Ninguém bebia vinho em Portugal. Depois fizeram-se campanhas promovendo os nossos vinhos, a produção modernizou-se, investiu-se nos rótulos, o vinho foi-se tornando moda. Hoje em dia o ridículo da moda atinge pináculos intoleráveis, um dos quais é bastante perceptível no preço dos vinhos que constam nas cartas dos restaurantes. 
   Entendo e aceito o preço de um prato confeccionado na hora, é fruto do trabalho e da recriação de quem o cozinha no momento. Não entendo, julgo revoltante, inadmissível, o preço dos vinhos nos restaurantes. Quero que me expliquem por que razão tenho de pagar por uma garrafa de vinho num restaurante o quíntuplo do que ela custa num supermercado ou numa casa de vinhos. 
   A situação é ainda mais grave se tivermos em conta que o preço ao consumidor nos hipermercados não é o mesmo que a restauração consegue negociar junto dos seus fornecedores. Como se justifica que uma garrafa que custa 3 € no minimercado aqui da esquina surja a 12 € na carta de vinhos de um restaurante logo ali ao lado? Isto merece uma revolução, merece a indignação de todos nós. 
   Todos os revolucionários do país deviam unir-se contra este tipo de situação. Se há matéria que justifica uma manifestação violenta de coletes amarelos, esta é uma delas. Estamos a ser roubados, vergonhosamente roubados.Comparado com o preço da gasolina, da luz, do gás ou da água, a inflação exercida sobre uma garrafa de vinho servida num restaurante é absolutamente escandalosa. E um homem precisa de gasolina para sobreviver. 
   Pela parte que me toca, vou optar pela desobediência civil. Agora, sempre que for comer fora levarei comigo uma garrafa de vinho. Quando me perguntarem o que quero beber, responderei que trouxe de casa. 

3 comentários:

Anónimo disse...

vou mais longe, sempre que me perguntarem o que quero comer, digo que trouxe de casa.

hmbf disse...

Eis aqui estampado o maior problema dos movimentos revolucionários: um tipo diz mata e vem logo outro a dizer esfola. Não podemos, para já, ficar pelo mata? Deixemos para depois o esfola.

Anónimo disse...

A isto chama-se a revolução ao quadrado ou, se quiser, revolução 2.0. Há ainda aqueles que dizem estripa, mas isso é a revolução ao cubo.