segunda-feira, 5 de abril de 2021

CHEIRA A AUTÁRQUICAS

Portugal é um país de cretinos complacentes com cretinos. É assim do irrelevante mundo dos poetas patetas até ao universo das elites políticas e empresariais. Só com uma ética da incomplacência, uma ética que leve as pessoas a perceber que não se pode ser complacente com cretinos, é que podemos esperar algo de dignificante nesta sociedade de lambe botas e beija mãos que acorrem a esplanadas para criticar quem está nas esplanadas. Talvez seja a herança mais cancerígena de meio século de ditadura fascista e outro meio de fachada democrática, a hipocrisia dos cretinos complacentes com cretinos, sem coluna vertebral, sem verticalidade, sem convicções nenhumas nem coerência entre pensamentos e discurso, entre discursos e acções, tudo calculismo e táctica e um não querer saber tingido de queixinhas e de lamentos em surdina, cheio de cuidados, para ninguém ouvir, antes que alguém ouça. 

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