A personagem está com um regador na mão. Olha à sua volta.
Vemos uma janela de madeira, daquelas de guilhotina. A janela está aberta, não há vento para fazer tremular a cortina ou não há cortina que possa tremular com o vento, não interessa. Há um homem dentro dessa casa junto à janela e o que primeiro vemos nem sequer é o homem ou a janela mas o céu que se vê para lá dela, um céu com cores baralhadas. O que vemos é esse homem encostado a essa janela olhando o campo abaixo daquele céu com cores baralhadas e que nós não conhecemos ainda... Ele está a três quartos na imagem e diz Meu Deus como vou eu fazer isto? e continua a olhar para fora. No plano seguinte o nosso homem rega pacientemente a terra e há um zoom out, o plano abre completamente para um imenso campo seco de qualquer coisa, trigo, centeio, o que for... campo, um imenso campo seco e ele vai regando, rega a terra palmo a palmo. A seguir vem o genérico. A personagem sai.
Abel Neves, in Além as Estrelas são a nossa Casa, Edições Cotovia, Outubro de 1999, p. 83.
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