quinta-feira, 5 de maio de 2022

UM POEMA DE AMADEU PATISTA

 


Sabemos bem que vamos morrer,
Tudo está certo e tudo é incerto.
Quanto mais me debruço para ti
O que parece errado mais parece certo.

A terra cheira a terra, o Outono
Confirma a verdade que sabíamos de cor
Desde o início, as marés e as ondas
Cumprem os ciclos e mantêm-se

As verdades eternas e as suas crispações.
Hoje viemos à falésia, amanhã
Voltaremos à busca incessante do norte

Magnético que nos aproxima. Pouco importa
Quem somos ou se vamos morrer.
O amor que existiu perdura para sempre.

Amadeu Baptista, in Luz Possível, volta d'mar, Novembro de 2021, p. 35.

Sem comentários: