Os ataques de 8 de Janeiro em Brasília parecem a modos que esquecidos nos balanços do ano. Idem para o espectáculo trans de Keyla Brasil no Teatro São Luiz. Os 3 milhões gastos com o altar-palco para receber o Papa também caíram no esquecimento, assim como o belo selo produzido pela Città del Vaticano. O incêndio na Mouraria que matou dois imigrantes e fez mais de uma dúzia de feridos não existiu. O André Pestana desapareceu. E o terramoto na Síria seguido do bombardeamento de Damasco por Israel, foi sonho nosso? Em Fevereiro, a Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa divulgou os resultados da sua investigação. E depois? 2023, o ano em que Samuel Beckett, Agatha Christie, o David de Michelangelo, Enid Blyton e o "Diário de Anne Frank" foram… censurados. Não devia a língua do Dalai Lama ser a personalidade do ano? A Assembleia da República transformada num circo com os palhaços do Chega durante a visita de Lula e os números de prestidigitação do youtuber Tiago Paiva, a convite da IL, também ficaram fora dos balancetes anuais. Não se percebe porquê. Quantas crianças migrantes trabalham ilegalmente nos EUA? Acontecimento do ano: feira do livro fechada para festejos do campeão nacional de futebol no Marquês. Entre os bons homens que morreram, destacamos “Silvio Berlusconi, o artista que fez sonhar a Itália” (título do Público, sic). Sabem quantos migrantes morreram no Mediterrâneo este ano? Mas aposto que sabem quantos multimilionários se afogaram num submarino turístico durante uma visita às sobras do Titanic. Grandes propostas do ano: «Depois da substituição da palavra mãe por pessoa lactante, eis que surge algures a ideia de passar a chamar orifício bónus à vagina. Mulheres deste mundo, estudem. Um destes dias vão a uma consulta de ginecologia e não percebem nada: Então, pessoa lactante, como está o seu orifício bónus?» Ninguém fala de Madagáscar. Sabem quantas pessoas morreram este ano nos EUA vítimas de violência armada? Para a noite de passagem de ano, sugerimos o cardápio de Isaltino Morais. A Índia foi à lua, infelizmente não acabou com a pobreza dentro das suas fronteiras. E o prémio para raciocínio mais parvo do ano vai para… Pedrito Portugal: «Para haver direitos tem de haver deveres e os animais não têm deveres.» Quantas pessoas foram decapitadas este ano na Arábia Saudita? Sismos na Turquia e em Marrocos, incêndios no Canadá, Grécia, Itália, Havai, inundações em Hong Kong, Brasil, Líbia. Vespas asiáticas e formigas de fogo vermelhas. Vai ficar tudo bem. Peguntas para fazer a Marcelo em 2024: A cadeira aguenta? Um local a visitar: Nagorno-Karabakh. Melhor notícia do ano: "Um só continente sem humanos, assim será a Terra daqui a 250 milhões de anos". É factual. E pronto, o resto já sabem. É a merda do costume. Sigam-me para mais dicas e balanços anuais.
sábado, 30 de dezembro de 2023
2023 EM RESUMO
Os ataques de 8 de Janeiro em Brasília parecem a modos que esquecidos nos balanços do ano. Idem para o espectáculo trans de Keyla Brasil no Teatro São Luiz. Os 3 milhões gastos com o altar-palco para receber o Papa também caíram no esquecimento, assim como o belo selo produzido pela Città del Vaticano. O incêndio na Mouraria que matou dois imigrantes e fez mais de uma dúzia de feridos não existiu. O André Pestana desapareceu. E o terramoto na Síria seguido do bombardeamento de Damasco por Israel, foi sonho nosso? Em Fevereiro, a Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa divulgou os resultados da sua investigação. E depois? 2023, o ano em que Samuel Beckett, Agatha Christie, o David de Michelangelo, Enid Blyton e o "Diário de Anne Frank" foram… censurados. Não devia a língua do Dalai Lama ser a personalidade do ano? A Assembleia da República transformada num circo com os palhaços do Chega durante a visita de Lula e os números de prestidigitação do youtuber Tiago Paiva, a convite da IL, também ficaram fora dos balancetes anuais. Não se percebe porquê. Quantas crianças migrantes trabalham ilegalmente nos EUA? Acontecimento do ano: feira do livro fechada para festejos do campeão nacional de futebol no Marquês. Entre os bons homens que morreram, destacamos “Silvio Berlusconi, o artista que fez sonhar a Itália” (título do Público, sic). Sabem quantos migrantes morreram no Mediterrâneo este ano? Mas aposto que sabem quantos multimilionários se afogaram num submarino turístico durante uma visita às sobras do Titanic. Grandes propostas do ano: «Depois da substituição da palavra mãe por pessoa lactante, eis que surge algures a ideia de passar a chamar orifício bónus à vagina. Mulheres deste mundo, estudem. Um destes dias vão a uma consulta de ginecologia e não percebem nada: Então, pessoa lactante, como está o seu orifício bónus?» Ninguém fala de Madagáscar. Sabem quantas pessoas morreram este ano nos EUA vítimas de violência armada? Para a noite de passagem de ano, sugerimos o cardápio de Isaltino Morais. A Índia foi à lua, infelizmente não acabou com a pobreza dentro das suas fronteiras. E o prémio para raciocínio mais parvo do ano vai para… Pedrito Portugal: «Para haver direitos tem de haver deveres e os animais não têm deveres.» Quantas pessoas foram decapitadas este ano na Arábia Saudita? Sismos na Turquia e em Marrocos, incêndios no Canadá, Grécia, Itália, Havai, inundações em Hong Kong, Brasil, Líbia. Vespas asiáticas e formigas de fogo vermelhas. Vai ficar tudo bem. Peguntas para fazer a Marcelo em 2024: A cadeira aguenta? Um local a visitar: Nagorno-Karabakh. Melhor notícia do ano: "Um só continente sem humanos, assim será a Terra daqui a 250 milhões de anos". É factual. E pronto, o resto já sabem. É a merda do costume. Sigam-me para mais dicas e balanços anuais.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
1 comentário:
Este resumo é tátil :)
Enviar um comentário