BASTOU-ME FICAR NOS SEUS BRAÇOS
Bastou-me morrer nos seus braços
ser ali enterrada
dissolver-me sob o seu lodo e desaparecer
renascer erva no seu solo
e renascer flor
que a mão duma criança medrada no meu país vai apanhar
Bastou-me permanecer no seio do meu país
como terra e erva e flor
Poema gravado no túmulo de Fadwa Tuqan (1917-2003),
poetisa palestiniana natural de Nablus, na Cisjordânia. «Desde o início, Fadwa
Tuqan corporizou a experiência de luto e resistência do seu povo. Célebre em
todo o mundo árabe, a sua obra teve reconhecimento internacional ao longo da
sua vida. Estudou Inglês e Literatura Inglesa na Universidade de Oxford, nos
anos 1960, e viajou pela Europa. (…) Fadwa Tuqan sofreu como criança não
desejada, numa família tradicional de pai despótico e mãe submissa com dez
filhos. Conhece a Palestina sob mandato britânico, assiste à criação de Israel,
vive a ocupação e depois a emergência de uma autonomia palestiniana. Teve tempo
de ver começar a ser construído o «muro da vergonha» israelita. (…)» In revista
Flauta de Luz, n.º 10, “Vozes Femininas de Países Mártires”, tradução de Ana
Maria Costa, Dulce Pascoal, Teresa Coelho e Joëlle Ghazarian, p. 245.
Sem comentários:
Enviar um comentário