sábado, 6 de janeiro de 2024

AUTOBIOBIBLIOGRAFIA

 
No mesmo dia, para fins diversos, dois amigos pedem-me notas autobiobibliográficas. Dizer o quê? Nunca achei piada a apontamentos congéneres armados ao cómico, mas também não tenho nada de sério a dizer. Local de nascimento? Desapareceu. Datas? Não me lembro. Formação académica? Para quê? O que pode importar a quem importam estas coisas? É sempre uma dúvida, uma hesitação, uma dor de cabeça. Se requerem fotografia, não foi o caso, fico em pânico. Os livros que publicamos são mais ou menos relevantes do que os papéis adormecidos numa gaveta? E o que fazer com todas essas palavras dispersas por antologias, revistas, jornais, catálogos, publicações colectivas, weblogs, etc, etc, etc? Talvez a solução esteja mais à mão do que parece: "Henrique Manuel Bento Fialho nasceu. Ao que consta, vai vivendo. Um dia, se Deus quiser, há-de ir desta para melhor." Chega?

2 comentários:

Maria de Lurdes Modesto disse...

Toda a gente me pede notas autobiobiliobibliogástricas, olhem para mim. Não acho piada nenhuma a isso, olhem para mim. É tudo uma chatice, olhem para mim. Eu sou muito humilde, olhem para mim. Eu não sou nada vaidoso, olhem para mim. Eu tenho livros publicados, olhem para mim. Eu tenho o meu nome e a minha auto biobigolampadagrafia espalhada por antologias, revistas, jornais, catálogos, folhetos de supermercado, etiquetas de cuecas, ementas de restaurantes chineses, tabuletas de cemitérios, etc etc etc etc, olhem para mim.Eu faço uma gracinha com a minha autobiologia, olhem para mim. Eu finjo que sou uma excelente pessoa, olhem para mim. Eu invoco o Santo Nome de Deus em vão, olhem para mim. Chega?

Transhümantes disse...

Micróbios é uma excelente etiqueta. Embora sejam conhecidos como nocivos são inofensivos. Devem a sua reputação por serem muitíssimo pequeninos.


Abraço!