quinta-feira, 16 de janeiro de 2025

O INCOMPREENSÍVEL

 
A propósito de David Lynch, leio ali ao lado algo com piada. Mais ou menos isto: "Não me venham dizer que gostaram de "Mulholland Drive", pois ninguém percebeu nada daquilo." Acontece-me frequentemente "gostar" muito daquilo que não compreendo, pois é isso que, por um lado, me coloca num lugar de espanto e, por outro, me estimula a imaginação. Estou a pensar em Beckett, por exemplo, ou em Joyce, estou a pensar em Kafka... O que é compreendê-los senão aceitar os seus universos particulares enquanto fontes de questionamento da realidade e provocação e estímulo do pensamento e da imaginação? Depois inventamos uns conceitos, sejam eles o absurdo ou o onirismo, a surrealidade ou o fantástico, para nos sentirmos mais confortáveis diante desses objectos, mas a sua maior riqueza será sempre a multiplicidade de leituras que nos permitem libertando o pensamento da normalidade e do convencional.

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