segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

E O ÓSCAR DE MAIOR HIPÓCRITA DA POLÍTICA PORTUGUESA VAI PARA...


   PCP e BE são criticados, com justificação, por serem ou terem sido ambíguos em relação ao percurso de demagogia, autoritarismo e populismo que se tem percorrido na Venezuela desde os tempos de Chávez até ao colapso da democracia venezuelana com Maduro. Com igual razão se pode criticar PS e CDS (sob um governo com o PSD) por terem fechado os olhos a essa deriva em nome dos negócios. Mas nenhum desses partidos partilha organizações partidárias, grupos parlamentares, candidatos e plataformas com Maduro ou Chávez. Ora, Rangel partilha tudo isso com Viktor Orbán da Hungria. O seu partido europeu é o partido de Viktor Orbán. O seu grupo parlamentar é o grupo parlamentar dos deputados de Viktor Orbán, a começar por Jószef Szájer, que é colega vice-presidente do PPE com Rangel, e foi o autor confessado das alterações constitucionais que iniciaram o desfazer do Estado de Direito na Hungria. O candidato de Paulo Rangel para presidente da Comissão Europeia é não só o mesmo que Viktor Orbán apoia, o político bávaro Manfred Weber, como esse candidato tem sido dentro do PPE o grande apoiante tácito de Orbán. E a tudo isto Paulo Rangel fecha os olhos ou critica apenas na medida do mais conveniente possível.
   (…) A degradação do Estado de Direito na Hungria tem consequências diretas para nós e precedeu e contaminou tudo o que se tem passado na Polónia, na Roménia, na Eslováquia, em Malta e por aí adiante.
   Só desde que Rangel se senta com o Fidesz de Orbán no Parlamento Europeu, a constituição húngara foi alterada dezenas de vezes, a lei eleitoral modificada para garantir maiorias constitucionais a Orbán, os tribunais foram decapitados, uma campanha de fundo anti-semita foi iniciada para criar um “inimigo interno” em George Soros, jornais e rádios foram encerrados, uma universidade foi forçada a sair do país, etc. Este último exemplo é particularmente importante porque Manfred Weber em tempos anunciou que essa seria a “linha vermelha” em relação à continuidade de Orbán dentro do PPE. A linha vermelha foi violada, e nada aconteceu.


Rui Tavares, aqui.

2 comentários:

Rosa dos Ventos disse...

Acabei de ler este artigo do Rui Tavares no Público e está muito bom!
O Rangel é mesmo um hipócrita sempre com o dedo apontado aos outros.

Abraço

Anónimo disse...

Se não for o Rangel, há sempre um hipócrita para os companheiros de estrada.