sexta-feira, 23 de outubro de 2009

DO INVEROSÍMIL




Todos os filmes de Danny Boyle que vi, de Shallow Grave a Trainspotting, passando por The Beach e 28 Days Later, oferecem relações de amizade em zona de risco, que é como quem diz à beira da ruptura. Por esta ou por aquela razão, são filmes onde alguns elos se quebram para que outros possam ser consolidados. A amizade é mais ou menos isso, um jogo de probabilidades onde as cartas da inveja, do ciúme, da ambição e do pretensiosismo acabam quase sempre por trair o fraco trunfo da cumplicidade. Slumdog Millionaire não é excepção, se bem que aqui os tiros de sorte, também presentes nos outros filmes, assumam uma inverosimilhança que converte a partida de poker numa comédia romântica. No fundo, o jogo acaba por ser o mesmo de sempre: quem quer ser milionário? A sobrevivência e o amor também podem ser o grande prémio em jogo, mas por cima deles o dinheiro, e seus associados, dão um certo jeito. Fico a pensar: e se o filme tivesse acabado quando Latika diz que não sabe a resposta à pergunta final, a pergunta dos milhões, a pergunta do comboio em movimento, da vita nuova?

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