Conta René de Costa que num belo dia de Abril, em 1926, o poeta chileno Vicente Huidobro surpreendeu tudo e todos ao publicar no La Nación um poema longo, dirigido a Jesus Cristo, onde confessava a sua paixão por uma mulher − «a mais triste, sem dúvida a mais bela». Essa mulher era Ximena Amunátegui, uma adolescente de 15 anos, filha de um influente homem de Estado. Provocado o escândalo, o poeta foi ameaçado de morte e viu-se obrigado a fugir do Chile, deixando para trás a mulher e os filhos. Por essa altura escreveu o seguinte: «Yo me embarco todos los dias para un viaje peligroso. Cuando no existan más los viajes peligrosos la vida habrá perdido todo interés». Exilou-se primeiro em Paris, instalando-se posteriormente em Nova Iorque. Nesta cidade, dedicou-se ao cinema, escrevendo guiões, ganhando dinheiro, “acolhido como um «latin-lover» pelas estrelas” do meio. Em 1928, sem dizer “água vai”, depois de Ximena ter cumprido a maioridade, fechou a porta do apartamento na Sétima Avenida e viajou clandestinamente até ao Chile, raptando a jovem amada à saída do colégio. Fugiram para a Argentina, rumando depois a Paris, onde chegaram já casados pela lei muçulmana (a única forma encontrada para legalizar a situação).
2 comentários:
Vicente é quase um filme. se a pessoa existiu, assim, foi uma excepção que confirma tantas regras...
é um filme. uma maravilha. :-)
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