Dylan Thomas é intraduzível. Qualquer tentativa de tradução dos seus poemas deve ser considerada um crime de lesa poesia. Porém a carne é fraca e, por vezes, a gente mete-se a pensar como poderia ser em português uma música que não aceita outra língua senão a que lhe é própria. O meu perdão antecipado aos puristas:
HOUVE UM TEMPO
Em que época puderam os bailarinos com seus violinos
suspender os problemas nos parques infantis?
Houve um tempo em que podiam chorar sobre os livros,
mas o tempo gerou uma larva nos seus caminhos.
Estão inseguros sob o arco dos céus.
É mais seguro o que nesta vida fica por conhecer.
Sob os signos celestes aqueles que não têm armas
têm as mãos limpas, e, como o fantasma impiedoso
que sozinho fica ileso, também os cegos vêem melhor.
Dylan Thomas, versão de Was there a time, datado de Dezembro de 1935, in Collected Poems 1934-1953, Phoenix, 2000.
HOUVE UM TEMPO
Em que época puderam os bailarinos com seus violinos
suspender os problemas nos parques infantis?
Houve um tempo em que podiam chorar sobre os livros,
mas o tempo gerou uma larva nos seus caminhos.
Estão inseguros sob o arco dos céus.
É mais seguro o que nesta vida fica por conhecer.
Sob os signos celestes aqueles que não têm armas
têm as mãos limpas, e, como o fantasma impiedoso
que sozinho fica ileso, também os cegos vêem melhor.
Dylan Thomas, versão de Was there a time, datado de Dezembro de 1935, in Collected Poems 1934-1953, Phoenix, 2000.
2 comentários:
Diante de poema tão bonito, até o silêncio quer falar. Ou melhor, faz lembrar de que matéria o silêncio é feito: "É mais seguro o que nesta vida fica por conhecer".
Parabéns pela escolha.
Era um génio, este Thomas. Dei-lhe cabo do poema :-)
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