terça-feira, 4 de outubro de 2011

SHANCODUFF






As minhas negras colinas nunca viram o nascer do sol,
Olham eternamente para norte na direcção de Armagh.
A mulher de Ló não teria salinado se tivesse sido
Indiferente como as minhas negras colinas, felizes
Quando a aurora coroa a capela de Glassdrummond.

As minhas colinas guardam os luminosos xelins de Março
Enquanto o sol inspecciona todos os bolsos.
São os meus Alpes e eu escalei o Monte Cervino
Com um molho de feno para três bezerros agónicos
No cambo abaixo do Big Forth de Rocksavage.

Os ventos glaciais afagam as juncosas barbas de Shancoduff
Enquanto os boieiros, abrigados no Bosque de Featherna,
Olham para cima e dizem: “Quem detém as colinas famintas
Que a galinha-d’água e a narceja terão abandonado?
Um poeta? Por deus, ele deve ser pobre.”
Pode o meu coração não ser abalado por estas palavras?




Patrick Kavanagh

Versão de HMBF

Sobre o título do poema, remeto o leitor interessado para esta nota: Shancoduff is an anglicised spelling of the Irish Shanco Dubh (possibly coming from "sean" - pronounced shan - meaning old in Irish and "dubh" - pronounced dove, like the bird - meaning black). The name refers to Kavanagh's north-facing farm in County Monaghan that he inherited. The title is very relevant as it conveys the poet's personal use of placenames and his remarkable sense of ownership, which serve to make the poem more accessible to the reader.

Sem comentários: