sexta-feira, 28 de setembro de 2012

O ESPÍRITO DOS TEMPOS

Fábrica de Braço de Prata, Lisboa, 2012.


Há muito tempo já me reinas sobre a fronte
Na tua nuvem 'scura, Deus dos Tempos!
Selvático e horrível por demais é tudo em volta,
Tudo vacila e rui para onde quer que eu olhe.

Ai! como um menino lanço a vista ao chão
E na caverna busco livrar-me de ti, desejaria,
Pobre louco, achar um sítio,
Ó Deus que tudo abalas, onde tu não estejas.

Que eu finalmente, ó Pai! te possa olhar
De olhos abertos! Não foste tu que primeiro
Com teu raio me despertaste o espírito?
Que à vida me trouxeste magnífico, ó Pai?! -

Certo é que de vides novas nos vem força sagrada:
Em ar suave vem à busca dos mortais,
Quando eles vagueiam tranquilos pelo bosque,
Um deus, animador; mais poderoso, tu,

Contudo, despertas a alma pura dos jovens
E ensinas aos velhos artes sábias; só o mau
Se faz pior, para acabar mais breve,
Quando tu, Tremendo! o tocas.


Fotografia: Jorge Aguiar Oliveira.
Texto: Hölderlin.

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