quinta-feira, 15 de novembro de 2012

PROFISSIONAIS DA (DES)ORDEM

Camarada Van Zeller, estou cheio de dores nas costas. Cada músculo que movimento é como se tivesse um torcicolo. Não julgue coisas erradas sobre mim. Lá por estar cheio de dores não quer dizer que tenha andado misturado entre os traidores à pátria que ontem se manifestaram na capital. Fiz como o Presidente da República, fui trabalhar. Só interrompi o trabalho para deixar no Facebook uma mensagem de apoio a todas as forças policiais, contra a catrefa de desordeiros mascarados que os agrediam com pedras. Como por exemplo, uma suposta velhinha a sangrar da cabeça. É óbvio que não se trata de uma velhinha a sangrar da cabeça, mas sim de um profissional da desordem mascarado de velhinha. Ou aquele individuo caído no chão a ser pontapeado. Aparenta uma certa idade, idade para ter juízo, mas na realidade é mais um profissional da desordem mascarado de indivíduo de certa idade. Desconfio mesmo que os polícias violentos sejam alguns desses profissionais da desordem mascarados de polícias do corpo de intervenção. Não dá para ver bem, pois escondem-se atrás de escudos e capacetes e viseiras e coletes à prova de bala e bastões e pistolas e tudo o mais que os nossos impostos podem sustentar. Fica a dúvida. O que não entendi de todo foi a contabilidade do ministro Macedo, que com tão pouco tempo de ministério já leva porrada sobre jornalistas impedidos de exercerem a sua profissão, mais um aluno detido em pleno estabelecimento de ensino por um segurança privado e, finalmente, este algo que se veja de Lisboa a arder. Não percebi as contas do ministro. Como podem meia dúzia de profissionais da desordem redundar em 9 detidos e 48 feridos? E que dizer da selectividade proporcional das forças da autoridade ao calcorrearem as ruas de Lisboa no encalço de malfeitores que levaram ilegalmente para os calabouços de Monsanto? Será que o próprio ministro era um profissional da desordem mascarado de ministro? Como isto anda, é bem provável que sim. Por isso mesmo, também eu quero aqui deixar uma mensagem de solidariedade para com todos os profissionais da ordem que têm levado este país a bom porto. O bom porto, claro está, em que se encontra atracado. Porque isto é tudo ordem e organização. Porque eles, os profissionais da ordem, enfrentaram uma chuva de pedras durante umas parcas horas. Nós, os profissionais da desordem, aguentamos, aguentamos, aguentamos anos a fio com uma chuva de insultos à inteligência e assaltos cobardes e vigarices consecutivas sem responsáveis nem culpados. Por detrás de tamanho profissionalismo, camarada Van Zeller, sabemos bem o que se esconde: cada vez mais pessoas a ganhar menos de 310 euros por mês. Uma fortuna que não chegará para os estragos causados pelos profissionais da desordem, mas certamente bastará para sustentar o ministro mais as suas balas de borracha mais a sua profissionalíssima ordem.

4 comentários:

Anónimo disse...

Fixe!:)
Sara Monteiro

Tolan disse...

É mesmo isto.

MJLF disse...

Como isto anda, todos os politicos elogiaram a intrevenção da policia, condenaram os desordeiros, avançam já que são radicais de esquerda e até elogiam a CGTP, afirmando que não tiveram nada a ver com o assunto. Alguns não viram com bons olhos ilegalidades das detenções. A direcção bicéfala do BE faz partes destes últimos e em relação aos factos lamentaram diplomaticamente os acontecimentos. A novidade é que a policia agora teve ordens superiores para intrevir, porque pedras e garrafas contra a policia têm existido sempre nas outras manifs da assembleia - nesta última não estive lá. saúde e bjs para a tribo

dama disse...

Obrigada por isto, camarada