sexta-feira, 26 de setembro de 2014

CÁ SE FAZEM, CÁ SE PAGAM



Com um PS ajuizado, este governo há muito tinha caído. Mas do PS podemos esperar tanto juízo quanto podemos esperar das garantias de Passos. Enrolados em tricas (endógenas e exógenas), os homens do poder brincam com o país à beira mar plantado. Será possível assistir ao espectáculo sem sentir um nojo profundo? E vamos manter tudo na mesma confiando nos Tós?
 
Post-scriptum:
Um dia, Passos Coelho inventou este termo a propósito de qualquer coisa: malabarice. Não explicou, mas esta filha do malabarismo e da malandrice, que não existe ainda nos dicionários (pelo menos no Aurélio), foi uma magnífica contribuição para a literatura nacional, que só posso saudar.
Malabarice é o que estamos a viver hoje.
Malabarice é o secretário-geral do Parlamento apresentar informações falsas para proteger o seu correligionário, quando tem obrigação de prestar informações verdadeiras.
Malabarice é Passos Coelho fingir que abdicou de 10% a título de exclusividade quando recebia 15% por ser vice-presidente da bancada, o que o impedia de receber os malabaristas 10%.
Malabarice é receber um subsídio de reintegração quando já se tem um trabalho pago e se continua a ocupar o mesmo posto no mesmo trabalho pago.
Malabarice era uma empresa que pedia por intermédio de um amigo (Miguel Relvas) um financiamento de 1,2 milhões para formar 1063 técnicos para 9 aeródromos, dos quais só 3 estavam abertos e tinham dez trabalhadores.
Malabarice foi agora a explicação de Passos Coelho para o dinheiro que recebeu da Tecnoforma enquanto declarava exclusividade no Parlamento.
Malabarice é dizer que não recebeu qualquer remuneração certa e jogar com palavras, quando se fazia pagar em despesas de representação, que na época era a forma legal de não pagar imposto.
Malabarice é não dizer quanto recebeu nessas despesas de representação.
Malabarice é viver com subterfúgios para não pagar impostos e depois impor um colossal aumento de impostos aos trabalhadores e reformados.
Malabarice é dizer a todos os outros que vivem acima das suas possibilidades e usar todas as suas próprias possibilidades para não pagar os seus impostos.
 
Francisco Louçã, aqui.

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