domingo, 23 de novembro de 2014

A TURBA

 
A turba só vai à praia quando o bar está aberto, o banhista vigia, as bóias de salvação estão por perto. A turba adora sentir-se acompanhada, por isso escolhe dias de multidão para poder reclamar do parque de estacionamento atolado. Depois estaciona em qualquer lado e se for multada a culpa não é sua, é do parque, da junta de freguesia, do arrumador, do verão quente, da maresia. Quando está frio, a turba fica em casa a ver televisão, pinta o cabelo, arranja as unhas, dá banho ao cão. A turba anda sempre atrás de si própria, é como a pescadinha de rabo na boca: cheira-se, morde-se, maltrata-se. Faz-nos sentir sós, à turba estamos gratos.

1 comentário:

Hugo Milhanas Machado disse...

E há também aquela palavra boa, o maralhal, a malta a perceber-se.