segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

NIGÉRIA CONDICIONAL

Baga não é Paris. De lá nada nos chega digno de nota. O número de mortos é incerto. Fala-se em 2000. Por esses mortos não se organizarão marchas. Os líderes da democracia ocidental não têm viagem marcada para a Nigéria, Bibi não irá a Baga chorar as vítimas do fundamentalismo islâmico, Passos Coelho não falará à nação. O massacre de Baga não será esquecido porque não chegou sequer a ser notícia, como notícia foi, em 2011, o ataque do norueguês Anders Behring Breivik à multiculturalidade. Breivik e os irmãos Kouachi são muito parecidos, situam-se em pólos opostos a defender as mesmas coisas. Por exemplo, que ninguém lembre os mortos de Baga. Que ninguém esboce sequer a mínima preocupação com Baga. Que Baga se mantenha incógnita, irreconhecível, inexistente. Para os fundamentalistas do Boko Haram isto é uma alegria, mais um passo a caminho do paraíso das virgens.

2 comentários:

Anónimo disse...

há uns tempos, não sei quanto tempo, não foi na nigéria que esses do boko haram raptaram umas quantas raparigas, horror que mereceu justo repúdio internacional e meteu vídeos no youtube e tudo com malta a dizer para "devolverem as raparigas?" (foi ou não foi? eu acho que foi, mas não tenho a certeza e não consegui encontrar nada na net... acho que até meteu a michelle obama ao barulho...)

ora, por que razão este atentado não mereceu reacções semelhantes?

só vejo um motivo: porque o de frança o ofuscou.

assim sendo, podemos chegar a uma conclusão: os ocidentais civilizados só conseguem suportar e comover-se com um atentado terrorista de cada vez.

não sei para que serve esta conclusão, mas parece-me óbvia.

mais um problema para o mercado das emoções resolver.

hmbf disse...

anónimo, mercado das emoções é um excelente título.

obrigado.