Baga não é Paris. De lá nada nos chega digno de nota. O
número de mortos é incerto. Fala-se em 2000. Por esses mortos não se
organizarão marchas. Os líderes da democracia ocidental não têm viagem marcada
para a Nigéria, Bibi não irá a Baga chorar as vítimas do fundamentalismo
islâmico, Passos Coelho não falará à nação. O massacre de Baga não será esquecido porque não chegou sequer a ser
notícia, como notícia foi, em 2011, o ataque do norueguês Anders Behring
Breivik à multiculturalidade. Breivik e os irmãos Kouachi são muito parecidos, situam-se
em pólos opostos a defender as mesmas coisas. Por exemplo, que ninguém lembre
os mortos de Baga. Que ninguém esboce sequer a mínima preocupação com Baga. Que
Baga se mantenha incógnita, irreconhecível, inexistente. Para os
fundamentalistas do Boko Haram isto é uma alegria, mais um passo a caminho do
paraíso das virgens.
2 comentários:
há uns tempos, não sei quanto tempo, não foi na nigéria que esses do boko haram raptaram umas quantas raparigas, horror que mereceu justo repúdio internacional e meteu vídeos no youtube e tudo com malta a dizer para "devolverem as raparigas?" (foi ou não foi? eu acho que foi, mas não tenho a certeza e não consegui encontrar nada na net... acho que até meteu a michelle obama ao barulho...)
ora, por que razão este atentado não mereceu reacções semelhantes?
só vejo um motivo: porque o de frança o ofuscou.
assim sendo, podemos chegar a uma conclusão: os ocidentais civilizados só conseguem suportar e comover-se com um atentado terrorista de cada vez.
não sei para que serve esta conclusão, mas parece-me óbvia.
mais um problema para o mercado das emoções resolver.
anónimo, mercado das emoções é um excelente título.
obrigado.
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