segunda-feira, 25 de maio de 2015

MENEZ

 
Menez (1926-1995) começou a pintar com 26 anos de idade. A sua primeira exposição realizou-se na Galeria de Março, em 1954, então dirigida por José Augusto França. As suas primeiras pinturas são influenciadas pelo Impressionismo: Goya, Klee, Kandinsky, Matisse, Bonnard, Pissarro, Vieira da Silva e De Chirico são os seus mestres. Após um período de abstracionismo, entra numa fase figurativa e retratista. A figura feminina começa a dominar a sua obra a partir dos anos 70. Ruth Rosengarten escreveu sobre ela: "Um dia ela disse-me que tinha passado da abstracção para o figurativismo porque a felicidade é abstracta, mas a tristeza tem uma fisionomia específica". De 1965 a 1969 a pintora viveu em Londres, passando a fazer parte do grupo de artistas entre os quais se encontravam já Alberto de Lacerda, Paula Rego, Vic Willing, Mário Cesariny, Helder Macedo e João Vieira. Entre 1976 e 1977 a tragédia abate-se sobre a sua vida - dois dos seus filhos morrem. Durante a década de 80, viveu em Lisboa, trabalhando num atelier com vista para o rio Tejo, cuja beleza Paula Rego dizia invejar. Em 1990, Menez teve uma grande exposição retrospectiva na Fundação Calouste Gulbenkian, que lhe trouxe finalmente o pleno reconhecimento do seu valor; nesse mesmo ano é-lhe atribuído o Prémio Pessoa. Porém, pouco tempo depois, a tragédia atinge-a novamente com a morte do seu terceiro filho. Tinha sido entretanto convidada para pintar a estação de metro do Marquês de Pombal, em Lisboa, para a qual elaborou um estudo pormenorizado da vida portuguesa do século XVIII e seus eventos históricos (o terramoto de 1755, a figura do Marquês de Pombal, etc.). Menez morre em Abril de 1995. No artigo da secção Obituário do jornal londrino The Guardian que lhe foi dedicado, pode ler-se o seguinte: "[Menez] foi uma percursora da nova vaga portuguesa de pintores modernos que regressaram ao seu país após a revolução de 1974. Uma das maiores influências de Paula Rego - e também a mais conhecida -, Menez fazia parte de uma tradição de mulheres artistas que remonta à artista barroca do século XVII Josefa de Óbidos. (...) A sua obra intensa e intuitiva teve uma influência óbvia sobre Paula Rego. Ambas viveram em Portugal no crepúsculo da ditadura portuguesa, mas enquanto as explorações psicológicas de Paula Rego muitas vezes refulgem de humor e inteligência, a obra de Menez possui um sentido de presságio trágico, que provinha da sua própria vida".
 
Ana Gabriela Macedo, in Os afectos portugueses na obra de Paula Rego. Os casos de Alberto de Lacerda e Menez, Maio de 2008, incluído em Paula Rego e o poder da visão - "A minha pintura é como uma história interior", Edições Cotovia, Outubro de 2010, pp. 148-150. Sublinhado meu.

2 comentários:

MJLF disse...

Gosto muito da pintura da Menez. Saúde e bjs para toda a tribo

hmbf disse...

Menez é fixe.