O jornalismo que nos chega da Grécia é dos epectáculos
mais obtusos a que alguma vez tive oportunidade de assistir. Ontem, um tonto da
CMTV, em plena Praça Syntagma, dizia que milhares de pessoas gritavam pelo “sim
ao referendo, pelo sim à democracia”. Repetiu isto vezes sem conta sem que
ninguém o calasse ou corrigisse. Num outro canal de televisão, a legenda: “Milhares
manifestam-se pelo Sim”. Um dia antes, com a mesma praça abarrotada de gente, a
legenda era outra: “Manifestação de apoio ao governo”. Num directo, um
jornalista desabituado das câmaras explicava, com uma caixa de MB por trás, que
se viviam tempos agitados na Grécia. Mesmo ali onde ele se encontrava, uma
cidadã invectivava os jornalistas da CNN. E o nosso bom repórter avançava com o
diagnóstico: um dos problemas da austeridade foi os hospitais psiquiátricos
terem ficado sem dinheiro, agora os loucos andam todos à solta pelas ruas. Seria
cómico se não fosse trágico.
5 comentários:
É precisamente esse o ponto: por todas as razões e mais algumas, isto é trágico.
É triste depositar a esperança de coragem e humanidade nos braços de um povo destroçado! Diz muito do resto de nós! Sofia
Já há muito que não acompanho os noticiários - só mesmo nas "emergências" - quase desde o início desta legislatura do grandioso embuste, da nivilíngua dos encartados, etc. São centrais de propaganda, ponto. E tão óbvias - e boçais, analfabetas, desonestas - que custa acreditar que ainda haja boa gente que dê crédito aquilo. É mesmo para desligar, ou então fugir, ver se morrem longe...
Estou a viver o meu momento cómico do dia!
Enfim... desliguem as televisões.
Enviar um comentário