A Coreia do Sul tem a maior taxa de suicídio do mundo [...] O suicídio é a segunda causa de morte mais comum para cidadãos abaixo dos 40 anos [...]. Curiosamente, o número de suicídio na Coreia do Sul duplicou durante a última década. [...] na perspectiva de entrada de dinheiro, nutrição, liberdade e possibilidade de viajar para lá das fronteiras, as condições de vida melhoraram substancialmente no espaço de duas gerações. Mas o preço desta melhoria foi a destruição da vida quotidiana, a hiperaceleração de ritmos, individualização extrema do percurso individual e a precariedade laboral, o que também significa competição desenfreada [...].
O capitalismo high tech implica naturalmente um aumento constante de produtividade e uma intensificação incessante dos ritmos de trabalho, mas é também a condição que tornou possível um aumento impressionante da qualidade de vida, da alimentação e do consumo [...]. Mas a atual alienação é um tipo diferente de inferno. A intensificação do ritmo de trabalho, a desertificação da paisagem e a virtualização da vida emocional convergem para criar um nível de solidão e desespero que é difícil recusar e a que é difícil criar oposição de modo consciente [...}. O isolamento, a competição, a sensação de falta de significado, de compulsão e de falhanço: anualmente, 28 pessoas em 100000 têm sucesso na sua tentativa de fuga e são muitas mais as que a falham.
Franco Berardi, citado por Slavoj Žižek, in Problemas no Paraíso - O Comunismo depois do Fim da História, trad.
C. Santos, Bertrand Editora, Setembro de 2015, pp. 16-17. O livro resulta de
uma série de palestras dadas em Seul.
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