Como se alguém teimosamente mudo
ante o esplendor que não se vê de dia
tivesse ignorado os livros de estudo
e saído porta fora da aula de poesia
Como se alguém falhasse a pontaria
frente às imagens raiadas de sonhos
e só tivesse olhos para aquela alegria
que mora dentro de espelhos medonhos
Como se alguém arrancasse a cabeça
e a escondesse no bolso das calças
de forma a que a luz esquecesse depressa
ter entrado sempre por janelas falsas
Como se alguém sem o saber dissesse
adeus muito antes da hora da verdade
e ficasse à esquina de tudo o que acontece
e a peste estourasse na cidade
Vitor Silva Tavares, in Púsias, capa de Luís Henriques, Edições 50kg, Fevereiro de 2015, p. 10.
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