A única ocasião em que pisei o território do Rock in Rio Lisboa foi para ver e ouvir os Motörhead. Lemmy era uma lenda viva do rock britânico. Impossível não recordar o Rui Costa, autor de um poema, publicado aqui, que me deixa na vã esperança de um encontro prenunciado com trocas de rosas:
MOTÖRHEAD
Lounge, ah! Conheço pessoas
que estão sempre cansadas.
Descansam e ficam cansadas.
Trocam as pernas no sofá e cansam-se.
Ibiza relax? Overdose de ceroulas.
Chill out Café? "Por favor,"- diz o Chagas-
"que haja leite fresco no estabelecimento!"
Não há pachorra. As pessoas cansadas
cansam-me. Toquem-se, aboca-
nhem-se no estabelecimento!
Percam-se, desgracem-se, comam
iogurtes.
Casem-se, dêem ao vosso filho o
melhor curriculum do século XXI.
Digam-lhe, antes que ele abra a boca
para cantar, que esteja cansado.
Digam-lhe, se ele ainda não estiver
completamente convencido, que é um
novo conceito, uma forma de
estar na vida.
Eu, ouviram bem, não me canso.
Nem tu, Lemmy!
Um dia hei-de oferecer-te uma rosa.
Sairemos para a rua,
quando todos estiverem cansados,
e havemos de ver deus e deus vai querer
juntar-se a nós.
Então
vamos começar a cantar até
a rosa arrastar tudo para dentro do som
e havemos de
enlouquecer deus
nessa esquina.
Rui Costa
Rui Costa
3 comentários:
É uma razoável explicação para que deus pareça ainda mais enlouquecido nos últimos quase quatro anos. Um destes dias choverão rosas e saberemos que se deu a revolução.
:)
olá henrique,
se me permites, gostaria de fazer uma pequena correcção. os motörhead são britânicos e não norte-americanos.
um abraço e bom ano
Olá Fernando, obviamente e grato.
Olá Cuca, a revolução das rosas está em marcha.
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