No Donne Moi Ma Chance, o poeta Fernando Machado Silva tem vindo a partilhar reflexões de Jean-Luc Nancy sobre o corpo. Serviço público pelo qual devemos estar gratos: aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui. Fragmento 54:
O corpo, a pele: tudo o resto é literatura anatómica,
fisiológica e médica. Músculos, tendões, nervos e ossos, humores, glândulas e
órgãos são ficções cognitivas. São formalismos funcionalistas. Mas a verdade é
a pele. Está na pele, é feita pele: autêntico campo exposto, toda virada para o
exterior enquanto, simultaneamente, envolve o interior, um saco repleto de
borborismos e fetidez. A pele toca e faz-se tocar. A pele acaricia e afaga,
magoa-se, arranha-se, comicha. É irritável e excitável. Ela apanha o sol, o
frio e o calor, o vento, a chuva, ela inscreve marcas no interior – rugas,
manchas, verrugas, escoriações – e marcas no exterior, por vezes as mesmas ou
então fendas, cicatrizes, queimaduras, cortes.
2 comentários:
obrigado e um abraço
Eu é que agradeço, Fernando.
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