sábado, 25 de março de 2017

JEAN-LUC NANCY

No Donne Moi Ma Chance, o poeta Fernando Machado Silva tem vindo a partilhar reflexões de Jean-Luc Nancy sobre o corpo. Serviço público pelo qual devemos estar gratos: aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui. Fragmento 54:


O corpo, a pele: tudo o resto é literatura anatómica, fisiológica e médica. Músculos, tendões, nervos e ossos, humores, glândulas e órgãos são ficções cognitivas. São formalismos funcionalistas. Mas a verdade é a pele. Está na pele, é feita pele: autêntico campo exposto, toda virada para o exterior enquanto, simultaneamente, envolve o interior, um saco repleto de borborismos e fetidez. A pele toca e faz-se tocar. A pele acaricia e afaga, magoa-se, arranha-se, comicha. É irritável e excitável. Ela apanha o sol, o frio e o calor, o vento, a chuva, ela inscreve marcas no interior – rugas, manchas, verrugas, escoriações – e marcas no exterior, por vezes as mesmas ou então fendas, cicatrizes, queimaduras, cortes.

2 comentários:

fernando machado silva disse...

obrigado e um abraço

hmbf disse...

Eu é que agradeço, Fernando.