terça-feira, 7 de março de 2017

CLIMAS


Toda a tarde choveu e anoiteceu...

A vontade que tive de sair
pelo mundo fora... a passear... devagar...
ao sol, com força e alegria,
toda, tudo se amoleceu e se afundou...

Quando, em volta,
a sombra começou a esconder-me e a disfarçar,
fui só fechar a janela
para adormecer
ao som da chuva na vidraça...


Branquinho da Fonseca (n. 1905 - m. 1974), in Presença, n.º 22, 1929. Ao lado de José Régio, Gaspar Simões, Edmundo de Bettencourt, Fausto José e António de Navarro, foi um dos fundadores da revista Presença, vindo a revelar «(...) o seu virtuosismo de expressão verbal em Poemas (1926) e Mar Coalhado (1932) e o de efabulação em diversas tentativas dramáticas, mas a sua melhor obra reside nas colecções de contos, onde inicialmente se sentia o magistério de Raul Brandão» (A. J. Saraiva, Óscar Lopes, História da Literatura Portuguesa). «Romancista, contista, dramaturgo, poeta, Branquinho da Fonseca (durante algum tempo conhecido pelo pseudónimo de António Madeira) tem-se afirmado nesta última qualidade como lírico do mar e da serra, cheio de imaginação que não lhe ofusca a lucidez do espírito» (Cabral do Nascimento, Líricas Portuguesas).

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