quinta-feira, 25 de maio de 2017

MIGUEL DE CARVALHO


Há dias, entretido com as tristezas do zapping, apanhei de raspão o Miguel de Carvalho num qualquer programa do canal 2. Recuei para vê-lo e ouvi-lo desde o início. Tínhamos estado juntos e o Miguel falara-me de uma entrevista onde afirmara, e passo a citar, que se instalou numa cidade com mais de 1700 docentes. “Contam-se pelos dedos das duas mãos os que vêm a esta livraria, e pelos de uma mão os que vêm comprar.” A cidade é Coimbra, mas podia ser outra qualquer. O cenário não mudaria muito. Talvez um dia venhamos a ser apanhados de surpresa com a notícia do fecho de um dos mais belos e agradáveis espaços da baixa conimbricense, a livraria antiquário do Miguel de Carvalho. Nessa altura teremos direito a 1700 lamentos, 1700 comentários no Facebook, 1700 likes, 1700 manifestações de indignação sobre o estado a que isto chegou, o fim do comércio tradicional, as cidades invadidas por turistas, as livrarias que fecham, 1700 tretas fiadas para disfarçar o indisfarçável: não há negócio que sobreviva sem vendas. Portanto, caríssimos, salvem-nos das 1700 patranhas e actuem, encomendem, comprem, desloquem-se ao Adro de Baixo ou visitem o sítio: fica aqui. Não é muito longe.

5 comentários:

Ivo disse...

Os 1700 docentes ainda é o menos, porque (em princípio) já leram qualquer coisa. O problema são os 1700 + 0 = 17.000 estudantes (?), que ainda vão aguentando a cidade juntamente com os HUC. Falas aqui de livros, posso falar de discos: Quebra Orelha, última loja decente de discos, fechou. Em frente vai sobrevivendo o Fado de Coimbra. Valha isso.

hmbf disse...

Cenário desastroso.

Cuca, a Pirata disse...

Os estudantes não têm tempo para literatura a menos que estudem a dita. Durante os cinco anos que passei em Coimbra devo ter lido cinco livros.

Evandro disse...

Ótimo texto. O cenário é desolador. Também por aqui livrarias fecham, de livros novos e usados.

Visitei o site. Uma das palavras-chave é.... Goa! Precisa mais?

hmbf disse...

Cuca, se 17000 comprassem pelo menos 1 desses 5 livros seriam 17000 livros em 5 anos. Já não era mau.

Evandro, obrigado.