terça-feira, 2 de maio de 2017

RISK

As horas que passaram a jogar Risco garantem-lhes diploma em geoestratégia. Podem assim referir-se a países e continentes como se estes fossem entidades unívocas, relacionando-se uns com os outros como vizinhos num condomínio de bairro. 

Na infância, ficavam boquiabertos sempre que o Nuno Rogeiro aparecia no ecrã a perorar sobre tomahawks como se estivesse a falar de brinquedos de plástico. O entusiasmo que colocam numa perspectiva do mundo equivale à prática que têm do próprio mundo, é tudo manigância, arte da guerra, estratégia e bluff

Nem lhes passa pela cabeça que para lá da importância que se dão debatendo presumíveis posições políticas há toda uma realidade que escapa à própria realidade, intenções movediças que mobilizam decisões estranhas a todos quantos apenas tenham visto acontecer o mundo pelos filtros dos mass media

Perante a impossibilidade de frear tais representações, que nos resta senão cuidarmos do nosso jardim para que outros dele possam servir-se como exemplo de beleza?

2 comentários:

Marina Tadeu disse...

Tenho preguiça de lembrar todas as guerras que seriam mais facilmente explicáveis se, em vez de nos restringirmos às leis da estratégia, tomássemos também em conta a irracionalidade que as motiva. Escravizarmo-nos a um tipo de estética é uma saída? Claro que não, pois aposto que se uma manada de bisontes largasse em fúria pelo teu jardim, apreciarias o espectáculo.

hmbf disse...

Sem dúvida. O meu jardim está aberto a todas as manadas de bisontes que nele queiram largar em fúria.