As horas que passaram a jogar Risco garantem-lhes diploma
em geoestratégia. Podem assim referir-se a países e continentes como se estes
fossem entidades unívocas, relacionando-se uns com os outros como vizinhos num
condomínio de bairro.
Na infância, ficavam boquiabertos sempre que o Nuno
Rogeiro aparecia no ecrã a perorar sobre tomahawks como se estivesse a falar de
brinquedos de plástico. O entusiasmo que colocam numa perspectiva do mundo
equivale à prática que têm do próprio mundo, é tudo manigância, arte da guerra,
estratégia e bluff.
Nem lhes passa pela cabeça que para lá da importância que
se dão debatendo presumíveis posições políticas há toda uma realidade que
escapa à própria realidade, intenções movediças que mobilizam decisões estranhas
a todos quantos apenas tenham visto acontecer o mundo pelos filtros dos mass
media.
Perante a impossibilidade de frear tais representações, que nos resta
senão cuidarmos do nosso jardim para que outros dele possam servir-se como
exemplo de beleza?
2 comentários:
Tenho preguiça de lembrar todas as guerras que seriam mais facilmente explicáveis se, em vez de nos restringirmos às leis da estratégia, tomássemos também em conta a irracionalidade que as motiva. Escravizarmo-nos a um tipo de estética é uma saída? Claro que não, pois aposto que se uma manada de bisontes largasse em fúria pelo teu jardim, apreciarias o espectáculo.
Sem dúvida. O meu jardim está aberto a todas as manadas de bisontes que nele queiram largar em fúria.
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