Talvez os leitores deste weblog não estejam a par, mas eu
explico. Sempre que vou ao banco, passo pela banca dos jornais e espreito as
capas das revistas. Há uma rapariga chamada Luciana Abreu que aparece muito. Tem
um aspecto vulgar, nada digno de nota. Lembro-me dela quando era Floribella,
por causa da minha mais velha. Depois retocou as mamas, substituiu a indumentária
primaveril por qualquer coisa que fizesse sobressair as mamas retocadas, calçou
saltos altos para parecer ter uma estatura que não tem, arranjou-se com um falhado
moço da bola, de quem entretanto se separou, e teve filhas a quem deu os
estranhos nomes de Lyonce e Lyanni. As chamadas de capa com Luciana estão quase
invariavelmente relacionadas com conflitos familiares, nomeadamente com a mãe e
com uma irmã. Desconheço os pormenores, mas entristecem-me os títulos, as
gordas, os sublinhados. Tenho da família um conceito algo conservador, acho que
é o último reduto da privacidade. Vê-la tornada pública no seu lado mais pobre
é assaz deprimente. Esta gente podia simplesmente calar-se, mas talvez não lhes
convenha o silêncio. O ruído transforma-lhes as vidas numa novela, pelo que
talvez se alimentem de serem o maná de revistas fúteis e seus
respectivos leitores. Quando olho para estas capas não me julgo melhor nem
pior que o conteúdo nelas exposto. Não teço juízos morais, apenas estéticos e,
muito de vez em quando, éticos. Mas pergunto-me, interrogo-mo, como será viver
uma vida assim de silicone. E não há mamas que me esclareçam.
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