terça-feira, 11 de julho de 2017

OVOS DE PARASITAS


229.

No fim do quarto mês, regresso à minha cabana, e nela descanso o meu corpo cansado da viagem.

não posso guardar a roupa de verão —
ainda não acabei de ver
se tem ovos de parasitas


Nota do tradutor: O registo escrito que Bashô fez durante a viagem, que agora termina, tem o título de Diário de um Esqueleto Abandonado à Natureza; é este haiku que o encerra. Julga-se que a preocupação em procurar os ovos de parasitas na sua roupa é uma imagem metafórica para a necessidade de, agora em casa, rever todos os poemas e notas do diário.


Matsuo Bashô, in O Eremita Viajante [haikus - obra completa], organização e versão portuguesa de Joaquim M. Palma, Assírio & Alvim, Setembro de 2016.

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