Dialogando com aqueles que transporta no seu veículo — um
jovem soldado, um estudante de teologia, um taxidermista que exalta as glórias
naturais (incluindo o sabor da cereja) —, Badii quer que alguém lhe garanta que
o vai sepultar. Kiarostami encena-o como um buraco negro, impossível de
transformar em “tema” ou “símbolo” do que quer que seja.
Observe-se o rosto impassível de Badii, interpretado por esse brilhante actor que é Homayoun Ershadi. O que nele deciframos, ou julgamos decifrar, não envolve qualquer racionalização do seu comportamento (nem do nosso olhar, importa acrescentar). Badii/Ershadi acaba por se impor como um aliado do próprio cinema, dessa capacidade insólita de registar o movimento da vida, pressentindo a nitidez indizível da morte.
Observe-se o rosto impassível de Badii, interpretado por esse brilhante actor que é Homayoun Ershadi. O que nele deciframos, ou julgamos decifrar, não envolve qualquer racionalização do seu comportamento (nem do nosso olhar, importa acrescentar). Badii/Ershadi acaba por se impor como um aliado do próprio cinema, dessa capacidade insólita de registar o movimento da vida, pressentindo a nitidez indizível da morte.
João Lopes, sobre O Sabor da Cereja (aqui)
2 comentários:
Um dos grandes filmes de sempre.
Sem dúvida. É desde sempre, e por variadas razões, um dos filmes da minha vida. Lembrei-o aqui (http://universosdesfeitos-insonia.blogspot.pt/2006/09/os-filmes-9.html) num texto pobre. Mas pronto, ficou.
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