A destruição da espécie está ao nível de há 65 milhões de anos, a Quinta Extinção, que acabou com a era dos dinossauros. Também abriu caminho para os pequenos mamíferos, em última análise, nós, uma espécie com capacidades únicas, incluindo, infelizmente, a capacidade de destruir fria e selvaticamente.
O oponente reacionário do século XIX do Iluminismo, Joseph de Maistre, criticou Thomas Hobbes por ter adotado a frase romana «o homem é o lobo do homem», notando que a frase é injusta para os lobos, que não matam por desporto. A capacidade chega à autodestruição, como testemunhamos agora. Presume-se que a Quinta Extinção foi causada por um grande asteroide que colidiu com a Terra. Agora somos nós o asteroide. O impacto nos humanos é já significativo e em breve tornar-se-á incomparavelmente pior, a não ser que sejam tomadas ações decisivas imediatamente. Além disso, o risco de uma guerra nuclear, sempre uma sombra tenebrosa, está a aumentar.
Acabaria com qualquer outra discussão. Lembremo-nos da resposta de Einstein a uma pergunta sobre as armas que seriam usadas na guerra seguinte. Disse que não sabia, mas que a guerra depois dessa seria travada com machados de pedra. Uma inspeção a um historial chocante revela que é quase um milagre que tenhamos evitado o desastre até agora. E os milagres não duram para sempre. E o aumento do risco é, infelizmente, por demais evidente.
Felizmente, estas capacidades destrutivas e suicidas da natureza humana são contrabalançadas por outras. Há boas razões para crer que figuras do Iluminismo como David Hume e Adam Smith, e o pensador ativista anarquista Piotr Kropotkin, estavam corretas acerca da simaptia e entreajuda como propriedades fulcrais da natureza humana. Em breve descobriremos qual destas características estão no seu ascendente.
Noam Chomsky, entrevistado por C. J. Polychroniou,
revista Truthout, 9 de Março de 2016, in Otimismo e não Desespero,
trad. Paulo Barata, Elsinore, Novembro de 2017, pp. 128-129.
2 comentários:
vontade de ler!
Vou na página 135. Recomendo.
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