sábado, 9 de dezembro de 2017

UM POEMA DE JOÃO ALEXANDRE LOPES

POST-DOMINICAL

Domingos de bola, rádio no carro,
crochê delicado da mãe.
Do seminário vinham rapazes
arejar a alma pastoral.
Corava-se muito.

Depois veio o shopping
aumentar as possibilidades:
um sorriso pequeno,
uma coxa bem modelada,
um peito farto.

Hoje ataca-nos a modorra
de uma final do Grand Slam,
fazem-se McAlmoços divertidos
e vamos todos de braço dado
passear pelo Face.

João Alexandre Lopes, in Hora Zero, Medula, Outubro de 2017, p. 30. 

4 comentários:

Anónimo disse...

E é quem ressalta esta nulidade (e que sobre os amigos dos amigos escreve) que depois vem queixar-se da mediocridade da imprensa especializada e das capelinhas que por lá existem.

hmbf disse...

O seu a seu dono, nunca neste weblog empreguei a palavra capelinhas. Quando ao resto, escrevo sobre quem quero, quando quero, como quero. Sou livre de o fazer, não sou pago para o fazer. Isto não é o meu trabalho, é um passatempo, um weblog pessoal que você visita obsessivamente. Convença-se disto: há mais portas onde ir bater, a minha nada tem que lhe possa interessar. Portanto, não perca tempo comigo. Eu não o perderei consigo.

maria disse...

eu gosto do poema.

hmbf disse...

eu também. e nem gostei especialmente do livro, mas gosto deste poema.