Uma gota de água
lentamente forma-se,
meia bolha na boca da torneira.
Já ninguém se lembra
do espanto que era
carregar no botão e haver luz.
Ali, no passeio,
a pena de pomba
em que ninguém poisou ainda o pé.
A rua espelhada
no vidro traseiro
do autocarro: corre ao invés.
Lembrar quando havia
na rua cavalos.
Um tempo que durou imenso tempo.
Anda muito pouca
gente à tardinha
na rua, no Verão, nos bairros finos.
Horizonte am-
plo, quadriculado,
que o comboio folheia como um livro.
Michelle Grangaud (n. 1941, Argel, Argélia), in Sud-Express - Poesia Francesa de Hoje, do livro Geste (1991), trad. Fiama Hasse Pais Brandão, Relógio D'Água, 1993, pp. 89-96.
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