Sob um abjecto salgueiro
Sob um abjecto salgueiro,
Ó amante, não amues mais:
Aos pensamentos devem seguir-se os actos.
Para que serve pensar?
A situação invulgar e triste em que estás
Prova a tua frialdade.
Ergue-te a dobra
O teu mapa de desolação.
Os sinos que ressoam pelos prados
A partir da sombria torre
Dobram por estas sombras sem amor
Que ele não reclama.
Tudo aquilo que vive deve amar; para quê
Curvar-se ainda perante a derrota
Com os braços cruzados?
Ataca e conquistarás.
Os gansos em bandos que sobre ti voam
Conhecem o seu caminho,
Os arroios gelados que sob ti correm
Vão para o seu oceano.
Sombria e triste é a tua loucura:
Caminha então, vem,
Não mais entorpecido
Ao encontro do teu próprio prazer.
Março, 1936
W. H. Auden (n. 21 de Fevereiro de 1907, York, Reino Unido - m. 29 de Setembro de 1973, Viena, Áustria), in Diz-me a Verdade Acerca do Amor - dez poemas, trad. Maria de Lourdes Guimarães, Relógio D'Água, 1994, p. 15. Mais sobre Auden: aqui.
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