A tia de um amigo meu
Que deus a tenha
Apesar de eu não saber
Se faleceu
Falou-lhe um dia
Depois de ver as notícias
De um grande tsinami na ilha de Sinatra
Assim que ele ouviu aquilo
Foi projectado pelo ar
Escavacou a casa toda
E saiu pela janela
Disparou o sobrinho da culatra
Mas mais
Muito mais que isso
Fê-lo à maneira dela.
Sebastião Belfort Cerqueira (n. 1987), in RSO&SBC (Douda Correria, Abril de 2018). «O leitor viciado
em ecos talvez possa pressentir aqui o jovem Nemésio esperando o Navio de
Sal, ou a batida sincopada do Navio de Espelhos de Cesariny, mas se
esta poesia alude, e às vezes expressamente, a poemas doutros autores, de Sá de
Miranda a Manuel Bandeira, essas apropriações são sempre desviadas em benefício
de um mundo verbal singular e inconfundível» (Luís Miguel Queirós,
Público).
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