Ora vejamos, só nos dois primeiros textos «como pó», «como
uma névoa», «como sombras», «como ossos», «como a um sol», «como do cântaro» e
mais não sei quantos «como este» e «como se». Mas o glutão não ficou saciado,
logo brindando o leitor com mais iguarias do género: «como estranhos», «como a
um terço», «como tarefa», «como um pássaro» (coitadinho do pássaro), «como
contas», «como um museu» (porra!), «como pode», isto numa «rua inteira a comer
a melancia das mãos dela» (ah poeta), e «como se Deus», «como lhe», «o coma às
colheres», «como um bilhete». Só de pensar fico com dores no estômago. E
insiste: «como uma prece», «como no postal», «como se tudo» e «A lama
ressequida depois comendo os meus gestos», com muita citação de premeio e pérolas
líricas ao gosto “presencista”: «Bebendo no tempo da aurora o seu grito mudo».
É tudo comes e bebes, e ainda só vou na página 26. Passa este tipo a vida a achincalhar
os textos dos outros. Diz que escreve com um machado. Não duvido.
2 comentários:
E quem é que escreve com um machado? A ti agora deu-te para escrever de pelica?
Anónimo disse...
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