Em cem pessoas,
sabedoras de tudo melhor —
cinquenta e duas;
inseguras de cada passo —
quase todo o resto;
prontas para ajudar,
desde que não demore muito —
quarenta e nove;
sempre boas,
porque não conseguem de outra forma —
quatro, talvez cinco;
dispostas a admirar sem inveja —
dezoito;
constantemente receosas
de algo ou alguém —
setenta e sete;
aptas para a felicidade —
vinte e tal, quando muito;
individualmente inofensivas,
em grupo ameaçadoras —
mais de metade, com certeza;
cruéis,
por força das circunstâncias —
é melhor não sabê-lo,
nem aproximadamente;
com trancas na porta depois da casa roubada —
quase tantas como
aquelas que as têm, antes da casa roubada;
não levando nada da vida a não ser coisas —
quarenta,
embora preferisse estar enganada;
agachadas, doloridas
e sem lanterna no escuro —
oitenta e três,
mais tarde ou mais cedo;
dignas de compaixão —
noventa e nove;
mortais —
cem em cem.
Número, até agora, não sujeito a alterações.
Wisława Szymborska, in Instante, tradução de Elżbieta Milewska e Sérgio Neves, Relógio D'Água, Janeiro de 2006, pp. 63-65.
Wisława Szymborska, in Instante, tradução de Elżbieta Milewska e Sérgio Neves, Relógio D'Água, Janeiro de 2006, pp. 63-65.
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