terça-feira, 4 de fevereiro de 2020

PARADA DE ORGULHO ABSTÉMIO


Esta noite sonhei com uma parada do orgulho abstémio. Damares Alves era a rainha do cortejo. Instalada no púlpito de um carro alegórico protegido por anjos e querubins, acenava ao povo, com ar circunspecto, ao som dos louvores da IURD. Chicão também aparecia, trajado de escuteiro, a cantar aos berros o “Kumbayá”. As bandeiras multicoloridas com os tons do arco-íris tinham dado lugar a bandeirinhas brancas, acenadas por freiras e sacristões. No mais polémico dos carros aflorava uma figura sinistra com cara de padre Frederico, rodeado de centenas de criancinhas cobertas de folhas de figueira. Nas bermas das estradas não havia quem aplaudisse, mas eram inúmeras as pessoas com cilícios autoflagelando-se com disciplinas de sete cordas. Damares erguia os braços ao céu e ria de forma estridente e prolongada, isto é, às gargalhadas, diabólicas gargalhadas.  

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