Hoje fui acordado por isto. Não foi uma sensação
agradável, pois estava a ter um sonho muito estimulante. Não o vou partilhar
porque dará em conto. Talvez até venha a concorrer com ele a um prémio sem
prémio, desses que pululam no dia da língua portuguesa para fingir que estamos
deveras empenhados no assunto. Não sei se o António tem tido sucesso com os
seus apelos. Julgo que não. Centenas de manifestantes armados invadiram o parlamento
do estado de Michigan para protestar contra o distanciamento social. É uma
ideia inteligente, apontar uma arma à cabeça de alguém obrigando-o a
aproximar-se de nós. É como meter espantalhos numa horta com as mãos cheias de
sementes. Que outra coisa senão as armas poderão servir para acabar com o
distanciamento social? As pessoas do Michigan são muito espertas, como nos EUA
em geral. Esta coisa do covid-19 fez com que a compra de armas por lá tivesse
aumentado imenso. Se eu fosse director de marketing de uma fábrica de tanques
de guerra, baptizava de covid-19 um tanque ou uma metralhadora ou uma bazuca e
fazia granadas de mão com a figura do vírus. Tem uma forma tão engraçada, o
vírus. Cada vez que vejo um vírus desato à gargalhada, de tão engraçada ser a
forma do vírus. Com aqueles corninhos todos devem ter uma existência muito viciosa.
Se não se põem a pau, Deus Nosso Senhor ainda encaminha mais esta sua criação
para o Inferno. Entretanto, aproxima-se a época dos fogos. Estamos todos
ansiosos para perceber se os fogos vão dar ouvidos ao António. Este ano a
canção do Toy, “Chama o António”, terá toda uma nova carga simbólica. Vou
telefonar ao Toy a perguntar se ele não quer escrever já uma canção com o
título “António em Chamas”. Pode estar aqui a nascer um grande sucesso
comercial, uma via de escape aos prémios sem prémio.
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