Parafraseando o Chicão: "Portugal não é um país
racista." Parafraseando Rui Rio: "Não há racismo na sociedade
portuguesa." Parafraseando André Ventura: "Racismo é um fantasma que
não existe." O raçudo lusitano que executou este preto disse à sua vítima
o mesmo que Ventura disse a Joacine: "vai para a tua terra." Lá (USA,
Brasil, etc) como cá, alguns políticos eximem-se de responsabilidades negando
relações de causa-efeito entre o que dizem, o exemplo que dão e o que
acontece à sua volta. No fundo, negam o principal trunfo do exercício
político que é poder influenciar atitudes e comportamentos através da palavra,
do discurso, da retórica. Sim, as palavras têm consequências. Sim, as palavras
influenciam. Há muita gente que anda a brincar com o fogo ao brincar com as
palavras quando o tema é o racismo. Esta é uma das consequências. Não venham
agora com paninhos quentes dizer "lamentável", "são coisas que
acontecem", "investigue-se". Já toda a gente percebeu que um
problema existe, excepto aqueles que insistem em negar o problema contribuindo
com essa negação para que ele se agrave. Isto não é uma rixa de delinquentes na
praia de Carcavelos, isto é racismo puro e duro. Tal como foi racismo o
assassinato de Alcindo Monteiro por um escarro de gente que RTP e TVI exibem
impunemente nos seus programas familiares. Há racismo em Portugal. Negá-lo é em
si mesmo ser cúmplice com ele.
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