domingo, 16 de agosto de 2020

«E era isso que a esmagava nos Portugueses; tinham bruxarias mais fortes do que a verdade.»

 


Ah, como os primos eram estranhos! Por um lado, a mesquinhice, bambochata e sovina de comemorações provincianas com melindres por falta de convites; a contrabalançar, um amor sôfrego, absoluto, possessivo, fundo e inconsciente que se transformava em belas histórias e em grandes prazeres. Nem grandeza para a maldade nem sublimações dos problemas do espírito. Tudo pela rama, em gestos não há dúvida — é assim mesmo — por amor de Deus não faz diferença — com certeza ora por quem é esteja como em sua casa — paciência, é preciso muita paciência — eu trato de tudo não se preocupe é só falar com ele arranja-se tudo — não faz mal nem se importe com essas coisas tudo passa são coisas que acontecem — e hora a hora Deus melhora — ah isso arranja-se com facilidade em todo o caso muito cuidado nada de aventuras — cuidado que podem não gostar — enfim sabe-se quem foi não se quer chamar à responsabilidade — salvar o tacho é que é preciso e caluda no outro dia morreu quem bem quis resolver a vida — ah deixa andar, não vale a pena estar-se a arreliar com coisas sem importância. Deixa lá que o outro mundo não deve ser melhor do que este — paciência muita paciência — e o que havemos de fazer — olhe ficar quieto — Nada — Caluda inda é o melhor.

Ruben A., in A Torre da Barbela, 3.ª edição, revista, e precedida de um estudo de José Palla e Carmo, Parceria A. M. Pereira, Lda., 1966. pp. 118-119.

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