quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

AUGUST MOON (1958)

 


Quando me disseste que Aspects era um dos teus álbuns preferidos, eu não quis acreditar. Tão ligeiro, festivo até, e tu tão dada a elegias. Ainda por cima Benny Carter morreu de velho, desonrando não só a história do jazz como a imagem que fazemos dos génios: vagabundos, drogados, suicidas, estrelas cadentes. Explicaste-me que se tratava de um calendário, cada tema remetia para um mês do ano. Agosto era o teu mês de eleição. Regresso amiúde ao tema, tentando descobrir-lhe no fraseado oriental um pouco de queixume, um lamento, o pranto de quem espera e não alcança. Não encontro senão um céu com todas as constelações à mostra, e a lua tão cheia que nos parece ser possível tocá-la. Talvez seja assim a alegria do teu álbum preferido, tão cheia que nos parece ser possível alcançá-la.

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