sábado, 23 de janeiro de 2021

THEME DE YOYO (1970)

 


30/10/98, a data do bilhete, o mesmo ano do Interrail. Dantes ia a muitos concertos. Parece que foi há uma eternidade, e no entanto a eternidade é esta ilusão de ver passar os dias julgando imenso o que ficou para trás e curto o que sobra pela frente. Tenho de me apressar, não quero morrer sem ver o filme de Moshé Mizrahi. Se morresse agora, a minha vida teria sido um desperdício. Ainda não vi Les Stances à Sophie. E os livros por ler. Meu Deus, os livros que me falta ler. Viajei tão pouco, quero dizer, andei tão pouco por este planeta. E que sei eu do fundo dos oceanos? Sei tão pouco sobre o fundo dos oceanos. Deve estar-se bem por lá, no mundo do silêncio. Ou talvez não. Como poderia eu ser indiferente aos peixes que comem outros peixes? A mesma merda de sempre. Aqui posso tapar os ouvidos com música, apartar-me do ruído exterior, ler um livro, ver um filme, fazer uma pausa, caminhar até à costa onde o oceano fará o favor de realçar a insignificante medida dos homens. A eternidade parece que foi ontem.

Sem comentários: