quarta-feira, 21 de abril de 2021

THE LONESOME ROAD (1927)

 


Foi ainda dentro do útero que ouvi cantar pela primeira vez, a emissora nacional ressoava em todos os bairros e condomínios, casas e apartamentos, solares e quintas, anunciando um futuro para quem, até então, só conhecera passado. Entorpecido pelo álcool, Stan Kenton morreria 5 anos depois. Não deve ter dado por nada, estava do outro lado do oceano a tentar reconciliar-se com Leslie, a primeira filha, que mais tarde revelaria três anos consecutivos de abusos sexuais perpetrados pelo próprio pai. Quem diria, o charmoso Kenton, líder de bandas com mais de quarenta músicos, o homem que transportou o jazz dos salões de dança para as salas de concertos. Dignificador do jazz, estuprador da filha. Estou a ouvi-lo debaixo da voz de June Christy, num clássico da música popular composto por Nathaniel Shilkret e Gene Austin (o primeiro dos crooners) que conheceu versões de meio mundo: «Look down, look down that lonesome road / Bebore you travel on.» Vá-se lá entender as pessoas. Em plenos anos 50, dava um concerto por terminado, chegava a casa bêbado e abusava da filha. Mas fez uns arranjos tão bonitos para a canção de Shilkret & Austin.   

1 comentário:

Anónimo disse...

Aos poucos fui entendendo que homem é bicho perigoso. Conheci tentativas sutis de abuso sexual, porém para a minha sorte me livrei de todas. Parentes inclusive. Hoje, já velha e fora do sistema de relacionamentos amorosos ou até mesmo sexuais, agradeço aos céus ter me livrado dessa praga!!! Não confiar em nenhum deles foi o que restou de tudo o que passei.