Ao contrário do piano, o órgão nunca foi um dos instrumentos mais apreciados no jazz. Jimmy Smith figura entre os melhores organistas de sempre, aproximando o jazz da soul music com o seu Hammond B-3 e assim contribuindo para uma verdadeira abordagem jazzística do instrumento. Apenas se interessou pelo órgão na década de 1950, já com cerca de 30 anos. A partir de 1954 não quis outra coisa. Softly as A Summer Breeze, publicado pela Blue Note em 1965, mas com gravações datadas de 1957 e 1958, é um bom exemplo da sua impressionante capacidade de improvisação. Escute-se Hackensack, conhecido original de Theloniuous Monk, e tirem-se as teimas. A guitarra de Kenny Burrell dá o mote, mas o solo de Smith aos dois minutos transfere-nos para uma dimensão supergaláctica. O baile é entre estrelas e astros, numa pista de buracos negros a enviar tudo para o infinito. Quem não perceba o que isto quer dizer não percebe nada de música, a mais poderosa e potente embarcação ao serviço de viagens aeroespaciais. Ninguém precisa de ser milionário para tal coisa, basta ter acesso a Hackensack por Jimmy Smith. Com a vantagem de não ser poluente e deixar os pobres marcianos em paz.
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