sexta-feira, 3 de dezembro de 2021

[Em cada cara uma caveira]

 


Em cada cara uma caveira; em cada
pedra uma lasca verdadeira; em cada mão
outra mão — a mão na mão; a água que
bate na terra e que fica à espera,
como quem ferra um verso na terra banal.
Olha-se para tudo isto até ao fim,
e não se esquece o brilho
daquela luz indígena,
ou daquele olhar obscuro a jusante,
que nos diz sempre:
¡tudo
       pedra agora!

Sérgio Ninguém (n. 1976), in pedra II (Eufeme, Setembro de 2021). É o pseudónimo de Sérgio Teixeira, poeta, editor e tradutor, coordenador do magazine de poesia Eufeme e da editora com o mesmo nome. Estreou-se em 2016 com o livro pedra, de que foi feita uma segunda edição no ano seguinte. De 2017 é igualmente o livro as ruínas são lobos que choram. Traduziu Uma centena de borboletas (2020), de Peter Levitt. Os seus livros mais recentes são o pescoço na navalha (2019) e pedra II (2021). 

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