AS VISÕES DE HILDEGARDA DE BINGEN
Até aos quarenta anos
insistiram em dar-me óculos para ver ao longe.
Depois dos quarenta anos,
insistiram em dar-me óculos para ver ao perto.
Vi mal metade da minha vida.
A outra metade? Também.
A paisagens enevoadas
sucederam-se ensonadas letras:
chovia entre mim e a realidade,
como se fosse Inverno sempre
e fosse o Norte sempre mais além.
Agora fecho os olhos, abatida,
e pergunto-me se saberei passar
do olhar à visão.
Do livro Viatge al centre, in Nervo - colectivo de poesia, tradução de Miguel Filipe Mochila, edição de Maria F. Roldão, Janeiro-Abril de 2022, p. 59.
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